quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Através da sombra vislumbro um contorno conhecido.


Cecília Camargo

Toco suave sua cintura e com as pontas dos dedos percorro suas costas. Percebo um leve arrepio. Alcanço seus ombros, fortes, em contraste com a suavidade de sua pele. Escorrego devagar por seus braços e seguro firme suas mãos.

O caminho recomeça, não passos rápidos, mas meticuloso e lento, sentindo os poros e os pelos que recobrem seus braços. Chego a seu pescoço e sinto o pulso como um eco. Em sua nuca, por entre seus cabelos, meus dedos se perdem. Seguro sua cabeça entre minhas mãos sempre como se fossem a primeira e a última vez, com a sede dos que sabem da dor da ausência.

Retomo meu caminho e da nuca contorno seus ombros e encontro seu peito arfante. Deslizo por seu ventre, contorno seu umbigo, desço até suas coxas firmes. Seus joelhos são curvas precisas, que me levam às pernas torneadas e aos pés que já trilharam caminhos que não quero saber, pois ainda não caminhava a seu lado, mas tenho saudade do tempo que não foi.
Em silêncio, de olhos fechados, você simplesmente se deixa tocar, sem pensar em nada a não ser na sensação de ser lido por dedos conhecidos, mas que sempre trazem consigo o desejo de conhecer mais, de levar esse toque a um sentido tão profundo que o faz se sentir livre de seu corpo e transcender.

Já não está mais de pé, está deitado entre almofadas macias e meus dedos agora sobem por suas pernas encontram sua virilha e acariciam seu sexo. Essa leitura já sua conhecida, sempre trás consigo uma interpretação nova, um toque além.

Ao prescindir do olhar a pele toma conta das sensações e o prazer não se atém mais a um lugar único. Seu corpo todo é um só gozo.


Exercício de criação 7

http://gambiarraliteraria.blogspot.com/


Um comentário:

Renan O. Pacheco disse...

uau
legal esta parte: "sensação de ser lido por dedos conhecidos"

bjinh