terça-feira, 8 de março de 2011

Livro conhecido



Nunca se deve julgar um livro por sua capa. É isso que acredito. E digo mais, aquele velho conhecido sempre tem algo novo a nos oferecer, uma leitura diferente a cada folhear de página.

Abri-o com um grande desejo de revê-lo. Tirei-lhe com cuidado a sobrecapa e, suave, com a ponta dos dedos, contornei cada detalhe que os anos lhe imprimiram. Percorri primeiro com os olhos todo seu conteúdo, depois, com mais vagar toquei cada parte que me contava uma história. Senti seu cheiro, delicioso e velho conhecido. Cada trecho era um novo capítulo, que fazia meu corpo tremer. Sentia-me totalmente envolvida e mergulhei de cabeça na aventura que aparecia em minha frente. Saciei minha sede em seus contornos e caminhos suaves, percorri, insone, estradas sinuosas. Partilhei desejos de entrelinhas e me perdi nas imagens poéticas tiradas das gavetas de Dali. Tirou-me o fôlego, devolveu-o, levou-me ao êxtase, em uma leitura em Braille, desse teu corpo sempre tão convidativo, que depois me serve de regaço, onde deixo brotar meus sonhos mais delicados. 


Exercício de criação 11


http://gambiarraliteraria.blogspot.com/2011/01/exercicio-de-criacao-11.html

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